Sugestões bibliográficas

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ESCOLANOVISMO: Educação e Democracia


“Mas a democracia é, acima de tudo, um modo de vida, uma expressão ética da vida, e tudo leva a crer que o homem nunca se encontrará satisfeito com alguma forma de vida social que negue essencialmente a democracia. Dois deveres se depreendem dessa tendência moderna [a democracia] e se refletem profundamente em educação: o homem deve ser capaz, deve ser uma individualidade, e o homem deve sentir-se responsável pelo bem social. Personalidade e cooperação são os dois polos dessa nova formação humana que a democracia exige. Essas tendências [nova mentalidade, industrialismo, democracia] da civilização atuam sobre a escola no sentido de sua transformação. Graças ao desenvolvimento da ciência e sua aplicação à vida humana, não só as condições materiais da vida mudam, dia a dia, como a própria visão do homem sobre a vida. Acima de qualquer outro aspecto, ressalta, quanto a esse ponto, o desapego aos velhos sistemas autoritários do passado, sejam eles tradicionais ou religiosos. [...]. A noção atual de liberdade envolve, caracteristicamente, a capacidade de se orientar exclusivamente por uma autoridade interna. Nenhuma autoridade exterior é hoje aceita. As ideias e os fatos são examinados nos seus méritos e resolvidos de acordo com as luzes da razão de cada um. Esse novo homem, com hábitos novos de adaptabilidade e ajustamento, não pode ser formado pela maneira estática da escola tradicional que desconhecia o fato maior da vida contemporânea: a progressão geométrica com que a vida está a mudar, desde que se abriu o ciclo de aplicação da ciência a vida. Podemos perceber a nova finalidade da escola, quando refletimos que ela deve hoje preparar cada homem para ser um indivíduo que pense e que se dirija por si em uma ordem social, intelectual e industrial eminentemente complexa e mutável. [...].
Primeiro, a escola deve prover a oportunidade para a prática da democracia – o regime social em que cada indivíduo conta plenamente como uma pessoa. Democracia na escola importa em democracia para o mestre e democracia para o aluno, isto é, um regime que procure dar ao mestre e aos alunos o máximo de direção própria e participação nas responsabilidades de sua vida econômica. Segundo, como democracia é acima de tudo o modo moral da vida do homem moderno, a sua ética social, a criança deve ganhar através da escola esse sentido de independência e direção que lhe permita viver com outros com a máxima tolerância, sem, entretanto, perder a personalidade. Devemos ter sempre presente que a escola não vai dar soluções já feitas à nossa juventude. Tudo que podemos fazer é dar-lhe método e juízo, para lutar com os problemas que vai encontrar, e o sentido da responsabilidade social que lhe assiste na solução desses problemas” (Anísio Teixeira. Pequena introdução à filosofia da educação, p. 44-45; 48-49)

TEXTO 2: Consciência ingênua e consciência crítica


São dois os gêneros de pensar, que definiremos como se segue: a consciência ingênua é, por essência, aquela que não tem consciência dos fatores e condições que a determinam. A consciência crítica é, por essência, aquela que tem clara consciência dos fatores e condições que a determinam. [...]. Deste modo, enquanto uma [a consciência ingênua] profere as suas sentenças em caráter dogmático, incorrendo na privação completa de comunicação reveladora, e se marca pela incapacidade de percepção da mutabilidade das coisas e dos valores, pela falta de simpatia com o que se prenuncia no tempo e pela recusa de aceitação do novo instalado em lugar do dessueto, a outra [a consciência crítica] é eminentemente sensível ao ritmo das transformações do mundo, dócil à compreensão da inevitável queda e nascimento dos valores, acolhedora de todas as medidas que se proponham modificar as condições materiais da vida. [...]. Sabendo-se variável, expressão de uma conjuntura histórica, a consciência crítica procede à permanente investigação dos seus determinantes materiais e se constitui, por isso, em consciência adequada a promover a autêntica ideologia do desenvolvimento nacional. (Álvaro Vieira Pinto. Consciência e Realidade Nacional, vol. I, p. 83-90)

TEXTO 1: Otimismo com o processo de democratização da sociedade brasileira


“Acreditamos, porém, na diluição de nossa ostensiva ‘inexperiência democrática’, a pouco e pouco abalada pela força das novas condições faseológicas brasileiras, inauguradas com os primeiros surtos de industrialização do país e que vem implicando a substituição de nossas estruturas coloniais. ‘Inexperiência’ que será substituída por outra forma de experiência – a da ‘dialogação’, da ‘parlamentarização’, em consonância com o clima cultural novo, que vem ampliando incoercivelmente as áreas de participação do povo.
Daí, para nós, o nosso grande problema está em sabermos dar um passo. Dar o passo da ‘assistencialização’ para a ‘dialogação’. Dar o passo da autoridade externa, impermeável e autoritária, rígida e antidemocrática, que nos marcou intensamente, para a autoridade interna, permeável, crítica, plástica, democrática. O problema está, então, em ‘introjetarmos’ a autoridade externa e darmos nascimento à autoridade interna, à razão ou à consciência transitivo-crítica, indispensável à democracia. Alguns dos descompassos de nossa vida democrática ainda estão situados aí: no descompasso entre a autoridade externa que nossa ‘inexperiência democrática’ insiste ainda em enfatizar e a interna, que ainda não chegou a corporificar-se. Estamos, assim, vivendo um momento também difícil, chamado de crítico, precisamente porque de transição. Daí insistirmos tanto nas relações de organicidade do nosso processo educativo com a nossa atualidade tão rica de contrários, no sentido de diminuí-los. Sobretudo no sentido de ajudar, em conexão com o clima cultural presente, a incorporação, na experiência do homem brasileiro, de formas de vida democráticas” (Paulo Freire. Educação e Atualidade Brasileira, p. 78)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Último encontro: dia 14/11


Pessoal,
Nesta quarta-feira, dia 14/11, termos o último encontro do curso. Faremos uma sistematização do que foi discutido ao longo do curso e exploraremos um pouco mais alguns conceitos e temas do pensamento freireano como diálogo, libertação, conscientização. Levantem questionamentos, dúvidas e inquietações para este momento. Retornaremos ao Auditório 1 do ICHS. Confiram as atualizações do blog. Até quarta...
 

sábado, 3 de novembro de 2012

Próximo encontro: dia 7/11



Pessoal,
Nesta quarta-feira, dia 7/11, teremos o quarto encontro do curso. Como dito no encontro passado, o professor Alécio Donizete coordenará a atividade. Ele apresentará uma associação entre os pensamentos de Paulo Freire e Enrique Dussel (filósofo da libertação argentino) a partir de uma experiência concreta em Recife durante a criação de uma Escola de Educadores Sociais, enfatizando sobretudo a questão metodológica.
Para um melhor acompanhamento da discussão foi enviado por e-mail dois textos para apreciação antecipada: uma introdução geral aos conceitos da filosofia da libertação, do Euclides Mance, e o relato de experiência do professor Alécio na criação da Escola de Educadores Sociais do Recife.
Atenção: alterado o local do próximo encontro. Novo local: Auditório do Museu Rondon (atrás da piscina da UFMT).
Confiram as atualizações do blog. Até quarta...

Slides do 3º encontro


Os slides utilizados no 3º encontro do curso que tratam dos capítulos 3 e 4 podem ser solicitados através do e-mail rodrigomarcosdejesus@yahoo.com.br  

Leituras complementares 3


1)      Vanilda Paiva. Paulo Freire e o nacionalismo-desenvolvimentista.
Capítulo 1 – A síntese pedagógica “existencial-culturalista” como tradução do isebianismo

Primeiro capítulo do excelente livro de V. Paiva que explora as relações entre Paulo Freire e o ISEB (Instituto Superior de estudos Brasileiros). Neste capítulo a autora destaca a influência do existencialismo e do culturalismo no pensamento isebiano e sua tradução pedagógica em Freire, destacando os dois livros iniciais do pensador brasileiro, a saber: “Educação e Atualidade Brasileira” e “Educação como prática da liberdade”.

2)      Rodrigo Marcos de Jesus. Compreender Paulo Freire: convite aos/às estudantes. In: _____; Conceição Clarete Xavier (orgs.). Educação, Cultura e Complexidade: diálogos Brasil-Cuba.

Texto introdutório ao pensamento de Paulo Freire. Faz a crítica de algumas pré-compreensões da pedagogia freireana. Destaca as concepções antropológica, epistemológica e histórica do autor. Apresenta a definição dos seguintes conceitos: diálogo, conscientização, educação bancária e educação problematizadora, libertação.

3)      Rodrigo Marcos de Jesus. Paulo Freire: pedagogo e filósofo. In: Delmar Cardoso (org.). Pensadores do século XX.

O texto é uma síntese da filosofia da educação de Freire. Inicialmente destaca a estrutura do pensamento freireano a partir das dimensões antropológica, política, epistemológica e metodológica. Em seguida, enfoca a compreensão da condição humana como liberdade e condicionamento. No final apresenta um breve itinerário pensamento de Freire, abordando-o em três momentos significativos.

OBS: todo o material está disponível na pasta do curso no xerox da Tetê.