São dois os gêneros de
pensar, que definiremos como se segue: a
consciência ingênua é, por essência, aquela que não tem consciência dos fatores
e condições que a determinam. A consciência crítica é, por essência, aquela que
tem clara consciência dos fatores e condições que a determinam. [...].
Deste modo, enquanto uma [a consciência ingênua] profere as suas sentenças em
caráter dogmático, incorrendo na privação completa de comunicação reveladora, e
se marca pela incapacidade de percepção da mutabilidade das coisas e dos
valores, pela falta de simpatia com o que se prenuncia no tempo e pela recusa
de aceitação do novo instalado em lugar do dessueto, a outra [a consciência
crítica] é eminentemente sensível ao ritmo das transformações do mundo, dócil à
compreensão da inevitável queda e nascimento dos valores, acolhedora de todas
as medidas que se proponham modificar as condições materiais da vida. [...].
Sabendo-se variável, expressão de uma conjuntura histórica, a consciência
crítica procede à permanente investigação dos seus determinantes materiais e se
constitui, por isso, em consciência adequada a promover a autêntica ideologia
do desenvolvimento nacional. (Álvaro Vieira Pinto. Consciência e Realidade Nacional, vol. I, p. 83-90)
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